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18-01-2021
A propósito do novo confinamento
Estou a ler um livro verdadeiramente inspirador. "Rapariga, Mulher, Outra” de Bernardine Evaristo. Bernardine Evaristo nasceu em Londres e é filha de mãe britânica e pai nigeriano. Com esta última obra venceu o Booker Prize 2019 e foi o Livro do Ano do British Book Awards 2020. De referir que foi a primeira mulher negra a vencer o Man Booker Prize. Um livro apaixonante e impossível de parar de ler e que repensa as questões de identidade, género e classe.
Vem isto a propósito deste novo confinamento - não que ande a ler mais do que o habitual, e deste novo ano de 2021 que teima em repetir o que de menos bom nos trouxe 2020. Por falar em identidade, género e classe, esta crise que no que toca ao vírus é democrática, já na forma como cada um a está a passar nem tanto. Não somos todas nem todos iguais. Esta crise como todas as outras afetam os mais vulneráveis, os menos qualificados, os que têm empregos mais precários, aqueles que estão na chamada "linha da frente”, os professores, as mulheres, quem trabalha na cultura e entretenimento.
E o que é que tudo isto tem a ver com o livro que ando a ler? Tem tudo. É uma chamada atenta ao que cada uma e cada um de nós pode fazer pelo outro e pelo conjunto da sociedade. E isso todos os dias, sem desânimo nem desistências. Tal como o exercício físico, é necessário repetir regularmente os exercícios para manter a forma que se ganhou. Se pararmos, por pouco tempo que seja, perdemos a forma, a saúde, a capacidade respiratória. Ou seja, temos de exercitar sempre. Também no cuidado com os outros temos de o renovar diariamente e não baixar braços.
Este novo confinamento não traz a novidade do primeiro, mas obriga-nos a estar mais atentos, a não abrir exceções, a cumprir a regra do isolamento, não facilitar, numa palavra, sabermos estar em sociedade cuidando dos outros, aqueles que mais desprotegidos estão.
No .PT crescemos e continuamos a crescer, podemos estar todos em regime de teletrabalho, temos as condições para cumprir o confinamento e assim cuidar de interromper as cadeias de transmissão e cuidar, assim, dos outros e, já agora, também aproveitar o tempo para pôr a leitura em dia. Este livro é uma sugestão, mas há tantos.
"Ler é sonhar pelas mãos de outrem”
Fernando Pessoa
Nota: os artigos deste blog não vinculam a opinião do .PT, mas sim do seu autor.
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